sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Álcool e exercícios físicos... Não!



É muito comum ver os homens se reunirem com os amigos pra tomar a “gelada” de sexta-feira. Até aí, "nenhum" problema... Mas a situação se complica quando eles resolvem jogar uma “pelada” depois!


A prática de atividade física faz com que haja liberação de líquidos para o exterior do corpo em forma de suor, uma vez que, com o aumento do metabolismo e do trabalho muscular, o corpo aumenta a temperatura, o que pode levar a um quadro de desidratação. Além disso, sabemos que o álcool é uma bebida diurética (uma vez que inibe a liberação do hormônio anti-diurético (ADH), que impede o excesso de excreção de água pelos rins). Logo, o álcool irá acelerar a liberação de água, o que agravará o processo de desidratação. Não podemos esquecer, também, que a prática de atividades físicas requer a realização de uma alimentação adequada.

Bom, alguns estudiosos dinamarqueses tentaram relacionar a ingestão do álcool com a realização de atividades físicas e concluíram que o álcool protege o organismo que é fisicamente ativo contra doenças cardíacas (pois aumenta o nível de HDL-colesterol, o colesterol "bom"; além de afinar o sangue) e alguns tipos de câncer. Porém essas informações vão contra a "maré bioquímica" e explicarei o porquê!


O álcool é absorvido pelo estômago e, a maior parte, pelo intestino delgado - a quantidade e a velocidade da absorção irão variar se o álcool for ingerido juntamente com alguma refeição ou não. Então, ele começa a circular pela corrente sanguínea, indo para o coração, cérebro, músculos e... Fígado! É lá que ocorre praticamente toda a "ação bioquímica do álcool":

"O principal local de degradação do álcool é o fígado, onde a enzima álcool desidrogenase (ADH) atua na transformação do álcool em acetaldeído, com redução de NAD+ a NADH. O acetaldeído é uma substância potencialmente tóxica que se liga de forma covalente às proteínas, modificando sua estrutura, esta substância aparentemente tem relação com a ressaca induzida pela bebida. Posteriormente, o acetaldeído é oxidado a acetato, com nova formação de NADH. O acetato é em seguida convertido a Acetil CoA. O aumento da concentração de NADH e Acetil CoA inibem o prosseguimento do ciclo de Krebs e levam ao aumento da síntese de gorduras, incluindo o colesterol (Marzocco & Torres, 1999; Voet & Voet, 1996). Esta alteração metabólica pode levar a diversas disfunções, como acúmulo de gorduras no fígado (quadro conhecido como fígado gorduroso) e, em casos graves, à cirrose hepática. Adicionalmente, o aumento da concentração de NADH desloca a reação catalisada pela lactato desidrogenase para formação de lactato, o que pode impedir a glioconeogênese pelo fato de direcionar a conversão dos aminoácidos glicogênicos para formação de piruvato em vez de glicose, induzindo a hipoglicemia (Weineck, 2000; Marzocco & Torres, 1999).

Além dos efeitos metabólicos, o álcool atua no sistema nervoso, comprometendo uma série de funções motoras e cognitivas. Dentre os efeitos conhecidos, estão o aumento do tempo de reação e a piora da coordenação motora. Além disso, é consistentemente comprovado que o consumo habitual de álcool é inversamente proporcional ao desempenho intelectual (Singleton, 2007). Também deve-se ressaltar que o metabolismo do álcool produz estresse oxidativo, com liberação de radicais livres"


Vale lembrar que o álcool causa vasodilatação, o que pode levar à hipotermia em ambientes frios. Assim, podemos concluir que a ingestão de álcool mediante a realização de atividades físicas não trará melhor desempenho muscular, força e habilidade. Além de causar as ações contrárias, o etanol poderá causar hipoglicemia, desidratação, prejuízos para o sistema psicomotor e hipotermia. Sendo assim, não é aconselhável à atletas e praticantes de atividades físicas que ingiram bebidas alcoólicas antes da realização dos exercícios.

Bibliografia:


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